Obra / Arquitetura

Fundação Oscar Niemeyer
ESCOLA PROFISSIONAL DE BELO HORIZONTE
Ano: 1940
Local: Belo Horizonte
País: Brasil
Descrição:

 

"Um estudo criterioso de circulação, ventilação e iluminação é indispensável em qualquer gênero de arquitetura. Em se tratando de fábricas, escolas, museus ou ambulatórios, uma solução precisa para cada um desses itens torna-se ainda mais necessária por se tratar de construções que se destinam a estudos e trabalhos que necessitam de iluminação e ventilação adequadas, e onde permanece grande número de pessoas o que pede, por consequência condições higiênicas especiais. Nesse sentido, estudos cuidadosos vêm sendo feitos afim de que se consiga a solução ideal. A natureza desses temas, a área que os mesmos exigem  a complexidade de seu funcionamento onde um estudo exato de circulação é fundamental, tem conduzido as soluções para os sistemas de iluminação zenital que permitem, pela exclusão da iluminação lateral, plantas mais compactas e maior facilidade nas disposições internas

Por essas razões, as primitivas soluções em pavilhões independentes foram sendo postas à margem, não só por não satisfazerem a esses requisitos, como pela enorme área perdida nas sucessivas galerias destinadas a iluminação e ventilação das mesmas.

A cobertura de "shed" é agora normalmente adotada, sendo que por este processo vem sendo construídas as maiores fábricas da Europa e América.

Vários tipo de "shed" foram se fixando de acordo com os problemas propostos, em função das necessidades de iluminação e dos vãos a vencer.

Incumbidos pelo Ministério de Educação e Saúde de estudar a escola profissional de Belo Horizonte, onde deverá também ser prevista uma grande oficina com cerca de 3.000 metros quadrados, recapitulamos o assunto examinando os diversos tipos de cobertura até então estudadas e pesando suas vantagens e inconvenientes.

Verificamos, então, novamente, que apesar de satisfazer de um modo geral, a solução em "shed" se ressentia de maior maleabilidade, que lhe permitisse manter independente das diferentes condições de luz externa o iluminamento conveniente.

Constatamos também, que o referido sistema não permitindo nunca a entrada dos raios solares nas oficinas, mantinha o ambiente em condições precárias de higiene, o que se agravava em se tratando de ambulatórios, que por sua natureza deveriam exigir nesse sentido a maior atenção.

A solução que propomos e que acreditamos poderá satisfazer melhor todas essas condições, consiste num sistema de "sheds" móveis, armadas em ferro e eternite. Estes elementos que serão manobrados eletricamente manterão sempre os locais de trabalho abrigados do sol, assim como nas melhores condições de iluminação possível.

Fora das horas de serviço, as placas serão dirigidas na direção do sol, afim de que as oficinas, possam ser, pelo menos, inundadas e desinfetadas.

As placas serão, conforme os desenhos indicam, fixadas em vigas de concreto e ficarão distantes da cobertura de vidro de 50 centímetros. A ventilação será obtida lateralmente, por cima das galerias de circulação, que terão também a finalidade de isolar do ruído os diversos setores das oficinas.

A escola profissional de Belo Horizonte, que terá capacidade para 500 alunos, faz parte do plano elaborado pelo Ministério da Educação e Saúde e cuja execução sendo feita em diversos Estados.

O plano que adotamos caracteriza-se pela simplicidade que o programa e a finalidade da construção aconselhavam e constará de um bloco principal de dois pavimentos onde foram localizados no terreno a administração e no primeiro pavimento a parte de ensino e dormitórios. As oficinas ficarão construídas a parte, assim como o anfiteatro e ginásio. Essa disposição em duas alturas somente, nos permitiu evitar as soluções comumente adotadas em três ou quatro pavimentos, onde a circulação vertical se faz penosamente por meio de escadas.

No presente estudo, todas as aulas ficarão num só pavimento a 2,50 metros do solo, ao qual serão ligadas por meio de rampas largas e suaves." *1

*1 NIEMEYER, Oscar. EPBH - "Estudo de um sistema de cobertura com iluminação zenital". Revista Municipal de Engenharia, v.7, n.6, p.487-490, nov. 1940.