Obra / Arquitetura

Fundação Oscar NiemeyerMichel MochMichel MochMichel MochMichel Moch
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E SAÚDE (MES) - PARTICIPAÇÃO
Ano: 1936
Local: Rio de Janeiro
País: Brasil
Descrição:

 

"O projeto estava sendo desenhado com o bloco principal paralelo ao edifício do Ministério do Trabalho. Para passar o tempo fiz um croqui situando-o no meio do terreno, aumentando a altura dos pilotis de quatro metros para dez metros, com o bloco de exposições e auditório passando em sobreloja entre eles e não saindo do 1º andar como fora projetado. Carlos Leão gostou da minha idéia, falou com o Lúcio e o croqui que eu jogara pela janela foi recuperado e usado no projeto definitivo. Hoje, quem parar diante daquele edifício e imaginá-lo com as colunas de quatro metros, antes previstas, sentirá sem dúvida que não foi desprezível a colaboração daquele jovem arquiteto. (...) Estudante de arquitetura, trabalhei no escritório do Lúcio Costa e depois na comissão que organizou para projetar o Ministério da Educação e Saúde e a Cidade Universitária. Foram os meus primeiros passos na arquitetura. Jovem, apenas saído da escola, sentia com era natural, meu despreparo diante dos problemas mais complexos da arquitetura embora percebesse que muitas vezes os analisar melhor, vendo-os de forma global e não como coisa isolada como ocorria com alguns. E desenhava bem. Tão bem que o Lúcio me incumbiu das grandes perspectivas do seu projeto para a Cidade Universitária, designando-me depois para acompanhar Le Corbusier como desenhista. E foi a partir dessa fase quando colaborava no desenvolvimento do projeto de Le Corbusier para o edifício sede do Ministério da Educação e Saúde que comecei a sentir minhas possibilidades de arquiteto. Nossa tarefa era adaptar o projeto do velho mestre para o local definitivo e isso me levou, como para passar o tempo, a tentar uma solução. Ao contrário do que estava sendo desenhado - o prédio paralelo ao Ministério do Trabalho - o situei, nesse croquis, no centro do terreno, aumentando a altura do pilotis de 4 metros para 10 metros. Com essa solução o corpo do auditório e do salão de exposições passava em sobreloja entre eles e o prédio assumia outra dimensão. Mostrei o croquis ao Carlos Leão que com ele se entusiasmou. E o croquis que eu modestamente jogara pela janela foi recuperado e com aprovação de todos adotado na planta definitiva. É claro que minha colaboração não passava de um detalhe no projeto de Le Corbusier mas se alguém parar diante daquele edifício e imaginá-lo com pilotis de 4 metros como constava dos projetos anteriores, sentiria que a colaboração daquele jovem arquiteto não deve ser esquecida pois graças a ele o edifício do MES assumiu a grandeza de espaços e a monumentalidade que hoje o caracterizam." *1
 
 
*1 PENTEADO, Hélio, coord. Oscar Niemeyer. São Paulo: Almed, 1985. 190p.p.30,33-5,40-4