Obra / Arquitetura

EDIFÍCIO RESIDENCIAL PARA O BAIRRO HANSA
Ano: 1955
Local: Berlim
País: Alemanha
Descrição:

 

"O projeto que apresento está baseado nos estudos preliminares (ante-projeto) entregues e aprovados em 15 do corrente pela comissão do SH, sendo que algumas modificações adotadas  tiveram como objetivo atender a conveniências técnicas ou construtivas. Elaborado nesta cidade - como convinha - espero que esse projeto possa atender às condições de clima, ao sistema de vida e às possibilidades técnicas, construtivas e materiais da cidade e do povo de Berlim.
Considerando a conveniência de deixar um plano claro e preciso que pudesse ser desenvolvido livremente e que não permitisse dúvidas futuras - o que seria difícil resolver na minha ausência -, procurei elabora-lo em contacto com os técnicos especialistas de todos os serviços complementares, como sejam: estrutura, hidráulica, eletricidade, calefação, ventilação e serralheria. Isso tornou fácil encontrar um plano simples e ordenado, no qual todos esses serviços se harmonizassem, prevendo-se para cada um deles os elementos necessários ao seu perfeito funcionamento. Desde as seções da estrutura - previamente dimensionadas - até os esquemas e passagens necessárias ás instalações, tudo foi rigorosamente estudado.
O projeto compreende um prédio de onze pavimentos e um piso semi-enterrado. Os apartamentos se destinam a uma exposição internacional de habitação, o que justifica uma certa generosidade na solução, se bem que limitada ao bom senso e à idéia de que serão futuramente alugados ou vendidos ao povo de Berlim.
Baseou-se o projeto no conceito de que uma habitação coletiva não deve ser simplesmente um agrupamento de casas num só prédio. Além das vantagens construtivas e econômicas que um sistema de centralização oferece, ela deve - antes de tudo - dar aos seus moradores certas vantagens de conforto que separadamente não lhes seria possível possuir. Uma sala de festas, um restaurante, um ginásio, um local de recreação, etc., são elementos que dariam à vida coletiva maior alegria e interesse. Dentro desse critério e da sugestão que recebemos, de fazer os primeiros quatro pavimentos servidos somente por escada, fixei o meu trabalho. Procurei de início evitar apartamentos em duas alturas. Desejava uma solução simples que garantisse à vida doméstica todas as facilidades. Desejava também - e isso considerava fundamental - que a solução permitisse insolação dupla, isto é, sol à tarde e pela manhã, o que em Berlim me parece essencial. Diversos problemas dificultavam esse objetivo; a solução usual de galerias centrais, por exemplo; e a distribuição de elevadores em diversos pontos.
O projeto que apresento terá nove andares de apartamentos. Nele não existem galerias internas; todos os apartamentos tem insolação dupla e os acessos se fazem por meio de escadas para cada dois apartamentos, o que lhes assegura maior intimidade. O critério para os acessos é de que 'para três andares basta escada'. Graças a isso, a solução é clara, compacta e racional. No pavimento térreo ficam os 'halls', protegidos por placas de vidro. Depois, seguem-se nove andares de apartamentos superpostos logicamente, a fim de permitir a necessária continuidade nas instalações. A primeira parada dos elevadores fica no sétimo pavimento, onde estão localizados as salas de festas, restaurante, televisão, jogos, etc. Desse piso, subindo, se atinge o 8 e o 9 pavimentos, ou descendo, o 6, 5 e 4. No terraço, foi previsto um ginásio e uma piscina infantil cercada de elevações de concreto.
A estrutura do prédio está constituída por 20 vãos de 3,75 nos andares normais e 10 vãos de 7,50 no pavimento térreo. A transposição desses montantes, que se faz naturalmente, tem como objetivo reduzir o número excessivo de apoios no pavimento térreo. No sentido transversal, os vãos são de 12 metros, com balanços de 2 e 1,50 metros. A área toatal da construção é de 38.000 m2.
Estas são, de um modo geral, as características do projeto que tenho o prazer de lhes apresentar." *1
 
 
*1 EXPOSIÇÃO internacional de arquitetura em Berlim. Módulo, Rio de Janeiro, v.1, n.2, p.28, 31, 32, ago.1955