Obra / Arquitetura

COMPANHIA ENERGÉTICA DE SÃO PAULO - SEDE - 1º PROJETO (CESP -1º PROJETO)
Ano: 1979
Local: São Paulo
País: Brasil
Descrição:

 

"São Paulo, como todas as cidades deste país, sofreu na sua expansão incontrolada, os efeitos do lucro imobiliário. E como é rica e dinâmica nela eles se fizeram mais nocivos e comprometedores. E seus prédios se multiplicaram, enormes, uns contra os outros, reduzindo os espaços, ocupando as áreas livres que ainda existiam, esmagando o homem e a própria ecologia.
A idéia de contornar tudo isso, de recriar o espaço urbano, de deixar que o homem e a cidade respirem um pouco é, no fundo, o pensamento de todos os seus arquitetos. Conscientes de que não se trata de reduzir a escala dos seus edifícios mas de lhes dar os apartamentos correspondentes o que é, no campo do urbanismo, a própria finalidade da cidade vertical.
Mas o mal está feito e somente soluções parciais podem surgir pouco a pouco, se a idéia do espaço maior ficar guardada como coisa importante no espírito de todos.
O estudo para a sede da 'Cesp' leva-nos a esse problema, como voces vão verificar ao seguirem este texto explicativo.
Trata-se de um terreno difícil de compor: duas áreas independentes, cortadas pela confluência das ruas Ministro Rocha Azevedo e Carlos do Pinhal.
E foi levando em conta o problema do espaço arquitetural que, de início, afastamos a possibilidade da solução n.1: dois edifícios seguindo as ruas existentes, solução que acentuaria o afunilamento que elas provocam, criando um espaço arquitetural inconveniente e de lamentável aspecto.
 
A segunda opção que naturalmente ocorre, seria contrariar essa tendência, isto é, eliminar o afunilamento com um bloco circular, passando sobre  rua Carlos do Pinhal, dando à cidade um novo espaço urbano, mais bem proporcionado como nos parecia possível nos primeiros croquis.
Mas a realidade era outra. E a idéia se diluiu diante dos dados oferecidos. O bloco imaginado seria grande demais, com 100mts por 75mts, e construído, esmagaria todo o conjunto. E tentamos dividí-lo em 3 blocos menores, o que verificamos impossível pois ocupando demais o terreno não preservariam as áreas necessárias para os serviços complementares: centro de operações do sistema, exposições, restaurante, biblioteca, áreas enormes, cerca de 12000 m², impossíveis de serem localizadas num bloco de escritórios e cujas funções exigem espaços mais amplos e independentes, ligados ao térreo, de fácil acesso, etc.
E a idéia do monobloco se fixou definitivamente.
Primeiro, porque cria o espaço aberto - respirável - que a cidade reclama; depois, porque dá ao 'centro de operações do sistema' e aos serviços complementares a importância desejada, fazendo-os mais independentes, mais acessíveis, como se impunha.
E a sede da 'Cesp' mais importante, destacando-se no conjunto, cercada de áreas verdes pois as coberturas dos seus complementos constituirão grandes jardins suspensos. E a solução é mais econômica e mais compacta, mais ligada aos problemas de São Paulo, que estabelecem como condição fundamental, a solução aberta, o espaço maior, que seu desenvolvimento inadequado exige." *1
 
 
*1 NIEMEYER, Oscar. Companhia Energética de São Paulo _ Sede _ 1projeto. 20/02/1979. Fundação Oscar Niemeyer. Coleção Oscar Niemeyer.