"O mais importante no projeto de uma Assembleia Legislativa, é a ligação correta entre seus diversos setores e uma flexibilidade interna que permita qualquer modificação futura. No Congresso Nacional, a falta de um programa, a urgência da obra, etc, dificultaram as modificações surgidas. Algumas, motivadas por alterações no próprio sistema - parlamentarismo, etc - outras, pelas incompreensões inevitáveis. Felizmente prevaleceu, quase sempre, a necessária receptividade e o Congresso Nacional foi recuperado e construídos os prédios anexos que compreendem, como os escritórios particulares dos deputados, opções posteriores.
O problema de uma Assembleia Legislativa não representa portanto novidade para nós. Ao contrário. A experiência do Congresso Nacional nos permite natural desenvoltura. Resume-se, principalmente, na boa circulação interna que tem como base o plenário. Com ele devem estar ligados todos os setores da Assembleia, desde a direção geral: Presidência, Vice-presidência, secretários, líderes, diretor geral, imprensa, cantina, etc, até os serviços complementares, como os setores jurídicos, técnicos e administrativos.
No plenário devem estar integrados, o recinto do público, as cabines de imprensa, rádio e tradução simultânea, inclusive os serviços de taquigrafia, datilografia, etc.
E como as distâncias devem ser curtas, a arquitetura caminha, naturalmente, para uma forma circular em cujo centro fica o plenário, ponto de convergência de todo o conjunto.
O projeto deve ter suas áreas generosamente fixadas, visando as ampliações imprevisíveis e os escritórios particulares dos deputados, construídos em bloco separado, diretamente ligado ao plenário.
Quanto às entradas, devem ser independentes para os deputados, público e funcionários e servidas dos respectivos estacionamentos.
A estrutura deve evitar colunas internas e marcar com amplos espaços livres a importância da obra.
E a arquitetura sóbria e correta, como convém a uma Assembleia Legislativa." *1
"… Dou um exemplo recente: acabo de projetar a Assembleia Municipal de Vitória, Espírito Santo. Depois do projeto concluído e terminada a maquete, senti que faltava esse exemplo indispensável. E aproveitei as vigas que cobriam o plenário, criando com elas uma série de gomos verticais e, para atender aos problemas de orientação, os fiz em alturas diferentes, mais altos para o lado não insolado. Tinha dado ao projeto a feição própria que faltava. A forma de gomos adotada não era uma invenção, mas da maneira que os desenhei, variando suas alturas, era sem dúvida o elemento inovador." *2