"Examinamos o programa apresentado do Centro Habitacional de Algés. O terreno com mais de um quilometro de extensão, sua localização junto ao mar no caminho de Lisboa, visto por todos que se dirigem para aquela Capital.
Lembrávamos ao iniciar o projeto que tudo isso deveria caracterizá-lo: a marina programada, o mar integrando-se nas habitações, e esse aspecto saudável e tranquilo que os conjuntos a beira mar deveriam sempre oferecer. E pensávamos para tornar a obra mais econômica projetar os estacionamentos a céu aberto, localizando-os antes da nova estrada, levando os habitantes por galerias subterrâneas aos pontos principais do conjunto.
A idéia de adotar uma solução mais simples, a circulação entregue ao pedestre, com seus moradores a caminharem satisfeitos como ocorria nas antigas cidades medievais.
Mas a opção de levá-los de carro até os apartamentos prevaleceu. Seria melhor compreendida neste mundo consumista em que vivemos e sem dúvida mais lógica, utilizando para o equilíbrio de níveis necessário além das escavações previstas nos canais, as áreas que fixava para os estacionamentos em subsolo.
E projetamos a entrada principal, a rua interna que atende a todos os apartamentos e garagens respectivas.
Como coisas que se completam e juntas devem ser definidas, estudamos a boa relação entre os canais e os edifícios. Nos blocos retos, os apartamentos teriam acesso por elevadores (um para cada duas colunas de apartamentos) (6), nos circulares, pela praça projetada. Sugerimos dois tipos de apartamentos que nesses blocos poderiam ser utilizados, mas outras soluções seriam possíveis, respeitando o esquema de circulação. Todos os apartamentos teriam entrada por um pequeno jardim e disposição correta em função da orientação, quatro pisos, área de comércio e essa opção que nos atrai de casas suspensas.
O projeto prosseguia e nos detivemos na praça dando-lhe acesso independente uma vez que se destinaria a espetáculos populares de música e teatro , esse último com o palco servindo também para o exterior o que permitiria grandes eventos para milhares de pessoas.
E passamos a desenhar seus edifícios, teatro, hotel, comércio, restaurantes, bares, etc, singelos, com pequenas aberturas, todos caiados de branco lembrando a velha e boa arquitetura portuguesa.
A maquete nos agradou e com este pequeno texto e os dados técnicos que o completam damos como concluída a nossa tarefa de arquitetos." *1
*1 NIEMEYER, Oscar. [Centro Habitacional e Algés]. junho 1993. Fundação Oscar Niemeyer. Coleção Oscar Niemeyer