"Como se trata de uma universidade destinada a alunos da América Latina, retomar o princípio que Darcy Ribeiro adotou para a Universidade de Constantine, na Argélia, torna-se mais importante ainda. Ele recomendava maior integração entre os alunos dos diversos cursos. Uma troca de experiências, a seu ver, indispensável.
Assim, em vez de criarmos um prédio para cada faculdade, nos limitamos a projetar dois grandes edifícios - um de Classes e um de Ciências, completando o conjunto o prédio da Administração, a biblioteca, o auditório e o restaurante. Com essa solução, o projeto da Universidade de Constantine se tornou muito mais econômico e simples de construir, ocupando menos o terreno, assegurando ao conjunto a boa relação entre volumes e espaços livres que a arquitetura exige.
E o que mais nos agrada ao falarmos da Universidade de Constantine é constatar que não se trata de um projeto por realizar, mas de uma obra já construída, em pleno funcionamento, tão correta e diferente que por todos deveria ser seguida.
As áreas abertas e protegidas que uma universidade requer para o recreio dos alunos foram também resolvidas nesta universidade.
O prédio de Ciências, por exemplo, por razões técnicas, será construído no pavimento térreo, e o de Classes suspenso em pilotis. Uma área enorme que, além de servir de recreio, compreenderá - no lugar adequado - uma cantina, um gabinete dentário e um gabinete médico com sala de repouso, no caso indispensável.
O edifício da administração será construído em altura, e a biblioteca, o restaurante e o auditório, soltos no terreno, terão a forma mais livre, mais criativa, enriquecendo o conjunto pelos contrastes que criam com o prédio de Classes.
Vale a pena ver, com mais atenção, as perspectivas que o álbum apresenta, apreciar a monumentalidade que esta universidade tão importante requer." *1
*1 NIEMEYER, Oscar. Oscar Niemeyer: 1999-2009. Rio de Janeiro: 7Letras, 2009. p.82.